sábado, 2 de abril de 2016

Eu quero...

Eu quero, por onde passar, deixar um rastro de estrada empoeirada
Um cheiro de suor de quem vem de longe
Que meu espírito proporcione o tranco de uma novidade estrambótica e cativante
Que meu sorriso seja um gatilho para um sentido de humanidade franco e profundo
E quando eu partir, quero deixar abraços apertados
Daqueles que conectam as mentes no tecido sutil das emoções verdadeiras
E criam amizades pra vida toda
Mas se mulher você for, que esse abraço seja aquecido
Com um beijo com gosto salgado de mar e verde de mato
Promessa de ventura

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Gota d'Água no Oceano

Ao som do velho despertador cuco da família, Alfredo acordou naquela manhã às 08:00h, como fazia desde que passara no concurso de Escriturário do Banco do Brasil, 23 anos antes.
Cumprindo seu velho ritual, escovou os dentes, banhou-se, vestiu-se para o trabalho e foi comprar pão e jornal. Passando pelo corredor, pensou em verificar se sua mãezinha ainda estava dormindo, mas lembrou-se de que ela havia viajado para Aparecida do Norte. Abriu a porta, porém, antes de sair, olhou por alguns segundos a cartucheira calibre 36 e o chapéu de caçador afixados na parede da sala, lembranças do seu falecido pai, o que o fez lembrar-se do conselho que ele sempre repetia: “Alfredo, se não quiser ser apenas mais um tolo, seja você mesmo!"
Trancou a porta, atravessou o jardim e ganhou a rua. Deparou-se então com uma cena surreal: bem na frente da sua casa, algumas velhinhas zanzavam de um lado para o outro, xingando palavrões, enquanto jogavam Game Boy. Riu daquilo, sem saber o que pensar.
Quando levantou o olhar, no entanto, ficou verdadeiramente chocado: havia centenas de pessoas nas ruas fazendo coisas sem sentido: a cidade parecia um imenso hospício ao ar livre!
Sua primeira suposição foi a de que estava diante do fim de uma noite de carnaval, mas lembrou-se de que era novembro. E nunca havia visto um carnaval tão esdrúxulo! Começou a andar, curioso e desconfiado.  
Na frente da pastelaria, alguns jovens, deitados em um tapete jogado sobre a rua, liam, excitadíssimos, os livros do Machado de Assis, enquanto dezenas de outros formavam uma fila, esperando a vez de se deitarem. No mesmo momento, a televisãozinha do boteco mostrava Mark Zuckerberg dando uma coletiva sobre o fim do Facebook.
Mais a frente, no meio da rua, ocorria uma partida de polo, na qual os jogadores, devidamente montados, dividiam-se em "com camisa" e "sem camisa". Forçou a vista e pôde perceber que o juiz da partida trajava uma camisa do Corinthians e era... e era... era o Lula! " Putz!", pensou. Seguiu adiante.
Após dar mais alguns passos, parou para tentar identificar uma música que soava ao fundo, amalgamando-se a todo aquele caos como uma trilha sonora natural. Com as mãos nas orelhas, ouviu: "Mas ela é minha menina ... e eu sou o menino dela..." Olhou ao redor e percebeu que a música vinha da torre da Igreja, de onde a freira Eulália comandava um enorme equipamento de som, bebendo uma garrafa de Keep Cooler e dançando esfuziantemente.
Um pouco adiante, avistou sua vizinha da casa ao lado, a mal-humorada Rita, que vinha sorrindo na sua direção, nua, com as mãos fechadas em forma de concha, um arranjo hippie na cabeça e cantando Mercedes Benz da Janis Joplin. Ficou mais espantado com o fato de ela estar sorrindo do que com a sua nudez e todo o resto. Num primeiro instante, ela não o vira, mas ele se colocou à sua frente, de modo que ela não pôde prosseguir. Então gritou, tentando se fazer escutar em meio a toda aquela confusão:
- O que está acontecendo, Rita?
Ela respondeu, dando pequenos saltinhos, sem desembaraçar as mãos:
- Eu consegui, Alfredo! As sementes de dinheiro! Nós vamos ficar muito ricos! – em seguida, aquietou-se e abriu as mãos, quando Alfredo pôde ver algumas moedas de real.
Alfredo não conseguiu lhe fazer outras perguntas, pois ela, subitamente, saiu dali, cantarolando e rodopiando.  Voltou a andar, já pouco curioso e bastante preocupado.
Aproximou-se de um grupo de senhores que, vestidos como escoteiros, compartilhavam um cigarro de maconha. Disfarçou-se por ali, tentando ouvir a conversa, mas descobriu que eles apenas cantarolavam, estalando os dedos: "O nerd de hoje é o cara rico de amanhã, o nerd de hoje é o cara rico de amanhã...”
Começou a beliscar-se e a bater-se no rosto, tentando acordar. Não, não estava dormindo. Então tampou os ouvidos, fechou os olhos e realizou uma oração silenciosa. Assim ficou por alguns minutos. Tranquilizou-se. Depois, lentamente, foi abrindo os olhos e destampando os ouvidos, esperando encontrar novamente o mundo que conhecia.  Foi quando levou uma buzinada no ouvido: "Biiiiiiiiiiiiiiiii!" Assustado, acabou de abrir os olhos e viu um homem travestido de Charlie Chaplin segurando uma buzina de mão, o qual começou a provocar-lhe: "Teresinha! Você quer bacalhau?! Teres..." Com algum custo, desvencilhou-se dele.
Assim que avistou a banca de revistas, começou a correr. Lá chegando, todavia, viu que todos os jornais estampavam na capa, em letras garrafais, simplesmente: “Boom!” Pegou um deles e foi abrindo. Na primeira folha, estava impresso um "B" gigantesco. Na segunda, um "O" do mesmo tamanho. Desistiu. Reparou que, dentro da banca, alguns garotos tomavam chimarrão e desenhavam tirinhas políticas satirizando o presidente do Brasil, o Tiririca:
- O quê?! – gritou, atônito.   
A audição do próprio grito desencadeou nele uma espécie de ataque nervoso, e ele agora berrava desesperado,  utilizando-se das mãos como um megafone:
- Pode parar Faustão, pode parar! Eu sei que é pegadinha!
Aflito, ficou esperando alguns minutos o cameraman vir ao seu encontro, acompanhado da sua mãe – que era mentira, não tinha viajado para Aparecida do Norte –, entretanto, isso não aconteceu. Pegou então o microfone de um homem que estava comprando abacaxis dos populares em um caminhão e insistiu:
- Pode parar, Faustão! Paaaaaara!
Esperou mais alguns minutos, mas nada. Seguiu o seu rumo, agora apático.
Ao chegar à padaria, não precisou entrar, já que uma enorme cesta de pães havia sido colocada do lado de fora, e as pessoas serviam-se livremente. Pegou a fila. Quando o homem que estava à sua frente olhou para trás, percebeu que se tratava do Padre Quevedo. Em carne e osso! Invadido por um sentimento de esperança, indagou confiante:
- Padre, isso não é real, não é mesmo?
Padre Quevedo gargalhou demoradamente e depois, após ficar repentinamente muito sério, como quem vai revelar o maior de todos os segredos da humanidade, proferiu:
- Sabia que se eu levantar o meu dedo indicador no ar e fizer o movimento de apertar um botão eu toco todo o Universo? E que tocando todo o Universo eu acordo todos os espíritos adormecidos? – fez então o movimento, após encostar o dedo na língua, umedecendo-o. Em seguida, começou a instigar Alfredo:
- Faça você também, faça você também...!
Sem dizer nada, Alfredo repetiu o movimento, pegou o saco de pães e começou a chorar, soluçando como uma criança. Tentava, em vão, reter as lágrimas com as mãos. Nesse estado, sentou-se no meio-fio e deitou-se sobre os joelhos. Quando o choro finalmente cessou, um bom tempo depois, reergueu-se. Ficou, contudo, imóvel, observando, em estado de transe, o presidente da câmara de vereadores da cidade, banhado em suor, arrastar para dentro da padaria um enorme saco de farinha, vestindo um colete do tipo "Posso Ajudar?"
Com o olhar perdido no vazio, começou a caminhar lentamente, trajando sua camisa polo Hering azul escuro, sua calça Us Top e seus sapatos mocassim. Os pães caíram pelo caminho. Na sua mente, um pensamento ressoava em looping: "Ontem, eu poderia desaparecer como uma gota d’água no oceano; ontem, eu poderia desaparecer como uma gota d’água no oceano; ontem, eu..."  
Chegando em casa, passou sem olhar por Rita e outras pessoas que, nuas, preparavam a terra do seu jardim.
Vagarosamente como um convalescente, destrancou a porta, entrou, retirou a espingarda da parede, dirigiu-se para a sacada da frente, de onde podia ver boa parte da movimentação externa, checou a munição, engatilhou a arma, mirou o infinito e atirou, como se quisesse testar o equipamento. Esperou alguns instantes, batendo o pé no chão, no mesmo ritmo do seu pensamento fixo: "Ontem, eu poderia desaparecer como uma gota d’água no oceano; ontem..." Depois, sem se apressar, pegou o cartucho sobressalente preso à arma, carregou-a, engatilhou-a novamente  e, mais uma vez, disparou! O estardalhaço do segundo tiro penetrou nos seus ouvidos como uma flecha, fazendo badalar um sino dentro da sua cabeça, e ele, enfim, saiu do estado de letargia, bradando valentemente:
            - Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!

            Então, com os olhos esgazeados, recolocou a cartucheira na parede, arrancou as roupas, vestiu o chapéu de caçador e foi para o jardim plantar moedas.    

sábado, 20 de agosto de 2011

Eu penso que a vida humana...

Eu penso que a vida humana, tal qual a dos animais selvagens, deveria se passar na natureza, nos grandes espaços abertos, sob a luz deslumbrante das estrelas ou o calor massacrante do sol.

Num lugar onde poderíamos plantar nosso próprio trigo e nos banhar nas águas geladas de Deus, assim como Ele as criou.

Ah, nesse lugar eu bradaria bravamente no topo de um monte a minha liberdade e, talvez assim, sob a pressão de um vento descomunal, poderia, enfim, conhecer a mim mesmo.

sábado, 2 de abril de 2011

Longa metragem com final: a) feliz b) surpreendente c) sem final (tipo Lost) d) por favor, desista de escrever essa merda

CENA 1 - INTERIOR - BAR TRANSADO E BEM FREQUENTADO - NOITE

Grupo de amigos solteiros na faixa dos 30 anos, vestidos socialmente com roupa de trabalho, estão bebendo animadamente em torno de mesa. Todos em pé. O bar está cheio. Entre os amigos estão Leonardo e Flávio. Leonardo está alheio à conversa, pois está mais interessado em estonteante mulher morena de longos cabelos anelados que, sozinha, bebe um drink no balcão. Ele a fita.

FLÁVIO
(rindo)
Leo, conta aquela história de Ubatuba, que você bebeu demais e deu diarréia, mas não tinha privada na porra do bar, só mictório!

Leonardo sequer escuta a pergunta de Flávio. Todos ficam olhando pra ele, esperando uma reação. Como ele não se liga, dão de ombros.

LEONARDO (V.O)
(enquanto continua fitando a mulher do balcão)

Eu sempre tive muitos amigos. Mas nunca me identifiquei com as coisas idiotas que amigos sempre fazem. Tipo ficar falando sobre carros. Ou ficar relembrando eternamente as mesmas histórias. Meu negócio sempre foi mulher. Desde o princípio.

Lentamente, Leonardo se dirige até a mulher do balcão e senta-se ao seu lado.

LEONARDO
(acende um cigarro, dá uma tragada, sorriso confiante no rosto)
Eu tô desesperado pra te conhecer. Leonardo, muito prazer.

Durante um tempo, se olham nos olhos, em silêncio. Nitidamente, rola uma atração fulminante.

MULHER DO BALCÃO
(voz feminina, mas grave)
Rita. Também gostei de você. (Pausa). Olha, eu tô a fim de sair fora. Meu carro tá logo ali. Tem uma amiga me esperando lá em casa. Eu fiquei de achar o cara...

Leonardo estende a mão para Rita, sorriso de orelha a orelha, e os dois saem correndo do bar.

CONTINUA...?

quarta-feira, 23 de março de 2011

Viva os loucos do The Dresden Dolls!

Eu sou viciado em música. Pra mim, música é instrumento sagrado de transcendência. Talvez por isso me incomode tanto a atual cena “rock” brasileira e sua produção serial de bandinhas coloridinhas que entoam ladainhas sertanejas mal camufladas por guitarrinhas punk. Ah, como são insossas... E pensar que o nosso Brasil já pariu tantos doidos memoráveis: Caetano, Gil, Rita Lee, Ney Matogrosso, Raul, Tim Maia, Cazuza, Renato Russo e tantos outros.

Mas Deus é muito bom, porque ele criou a globalização, possibilitando fugas culturais pra lugares bem longínquos quando a música produzida na nossa própria cozinha, digamos, está com gosto de merda.

Foi com essa desesperada necessidade de libertação que eu assisti há uns dias atrás, no Multishow HD, algo que todos esses garotos coloridos deveriam assistir antes de se meterem a mocinhos do rock: The Dresden Dolls* – Live At The Roundhouse.

Tratava-se de uma mulher teletransportada diretamente de um cabaré parisiense (ou bordel, se preferir) do início do século passado, cantando melodias tão fascinantes quanto estranhas, com letras tresloucadas, fazendo-se acompanhar por um teclado com som de piano, que ela tocava insandecidamente, enquanto um comparsa seu, praticamente um personagem do cinema mudo, destruía um kit de bateria: ufa.

E, nesse fluxo frenético, eles por vezes abandonavam seus postos, assumindo novos papéis musicais e teatrais, de forma que eu, em certo momento, já hipnotizado, pude me deliciar com a imagem do adorável pirado do cinema mudo quebrando as cordas de um violão de aço ao mesmo tempo em que a encantadora maluca do cabaré sorvia uma cerveja no gargalo, exibindo suas axilas cabeludas, antes de bradar, mais uma vez, sua incrível rouca voz, para pintar mais uma tela sonora: ufa.

Piano, bateria, genialidade e irreverência: só. Guitarras elétricas? Quem precisa delas? Ali estava a prova cabal de que rock é um especialíssimo estado da mente, algo muito, muito além de cabelos e guitarrinhas distorcidas.

E como se já não fosse o suficiente, no final do show, várias pessoas da platéia, devidamente paramentadas, invadiram o palco, cantando e dançando, coletivizando aquele ritual libertário: genuína materialização de uma catarse aristotélica.

Sabe aquele êxtase raro que a arte nos proporciona? Aquele sentimento que nos faz querer velejar até a África e alimentar aquelas crianças famintas? Querer escrever um livro sobre as peripécias do nosso cachorro? Querer parar de comer carne e criar uma ONG em prol dos animais? Querer largar nossos empregos e montar uma trupe de teatro? Querer ter sete filhos ao invés de dois? Sabe do que eu estou falando? Pois foi isso que eu senti ao assistir The Dresden Dolls – Live At The Roundhouse.

E não é pra isso que serve o rock e toda arte que se preze: fazer nossos espíritos decolarem? Ora bolas! Alguém aí manda avisar aqueles garotos coloridos e os engravatados retardados que lhes compraram instrumentos musicais.



* The Dresden Dolls é uma banda estadunidense formada em Boston em meados dos anos 2000 por Amanda Palmer (vocal e piano) e Brian Viglione (bateria, guitarra e vocal). Descrevem seu estilo como cabaré punk brechtiano, e expuseram o movimento artístico Cabaré Dark, que começou a ganhar forma na década de 1990 com artistas como Salon Betty e Gavin Friday (Wikipédia).

sábado, 5 de março de 2011

Ah, a tecnologia...

Eu costumo me classificar como um entusiasta da tecnologia. Meus amigos podem atestar isso. Acho o máximo mesmo você poder se comunicar através de emails e celulares, baixar músicas de bandas de garagem do Azerbaijão, saber a opinião de pessoas comuns provenientes de todos os rincões do planeta, as novas perspectivas no tratamento de doenças, televisões 3d, videogames e o escambau.

Emails são as cartas do século XXI, sem deixar nada a desejar. Por exemplo, meu pai mora num sítio no nariz das Gerais, a 1.000 km de distância de mim, e trocamos cartas eletrônicas quase que diariamente, falando sobre o Corinthians, futebol em geral e até sobre coisas menos importantes, como saúde e trabalho. Isso não é pitoresco? Não tenho (e ninguém tem!) paciência praquelas correntes ou pros emails impessoais, mas isso é uma outra história.

Os celulares, por sua vez, fazem os homens se sentirem sempre presentes na vida familiar e, consequentemente, pessoas melhores. Que apetrecho anterior à segunda metade da década de 90, retroagindo até o big bang, seria capaz de facultar às mulheres interpelar os seus homens ausentes a qualquer hora do dia e da noite? Eu posso estar num bar, bebendo com amigos depois do trabalho, e ainda assim não me sentir culpado. Basta fazer uma ligação ou mandar um torpedo dizendo: “Aqui está tudo bem. E aí? Não vou demorar”. Sua mulher fica feliz, você fica feliz e o mundo sorri! Tudo bem, não é bem assim, mas não é culpa da tecnologia.

Poder ler livros digitais também é legal, se você pode fazer isso deitado (basta ter um notebook ou um iPad). Tem muita gente que fala que gosta de sentir a textura do papel, o cheiro do papel, que não abre mão disso e tal. Esquisito demais! Fico pensando que isso é uma espécie de tara sexual. O máximo da libertinagem, diga-se de passagem. Não ligo nem um pouco. E depois que trabalhei por dois anos na Caixa Econômica, quase soterrado na burocracia, jurei pra mim mesmo que concentraria toda a minha inteligência na construção de um futuro livre dos grilhões do papel. Foi nessa época que avaliei seriamente a possibilidade de ser roqueiro, jogador de futebol ou agricultor. Eu me traí, ao me formar em Direito, é verdade. Mas nos momentos de lazer, continuo desprezando o papel.

E poder gravar suas músicas em casa? Hoje em dia você compra uma placa de som, baixa uns programas de home studio e vam bora (minha irmã Lara dirá que não é tão simples, afinal, cadê aquelas músicas prometidas pro verão de 2010? Deixa pra lá). Você tem noção sobre o que significa pra um pseudo-músico ser proprietário de um home studio? Eu gravei umas coisas na época da Mago Veiako, minha saudosa banda, mas não gostava, porque minha voz ficava muito ruim e chegava uma hora que rolava uma vergonha do cara do estúdio e eu não pedia mais pra repetir. Hoje eu gravo em casa e repito infinitas vezes. A voz continua ficando ruim, mas isso também é uma outra história.

Agora, o top top top que a tecnologia pode te proporcionar, muito mais do que viagens espaciais ou congelamento de óvulos, é a possibilidade de baixar músicas pela internet. Não é politicamente correto, reconheço, mas eu comparo essa possibilidade a, a... Não tem nada que se compare a isso! Baixar é estar numa loja gigantesca de discos, onde estão doando tudo, e você sai pegando, pegando, pegando. Talvez seremos presos um dia, mas quem se importa, é tão divertido! Ouvir? Ouvir é legal também, mas legal, legal mesmo é baixar, baixar, baixar. Já pensou que pessoas compulsivas em jogos ou em sexo poderiam ser tratadas com a terapia da baixação? Seria assim: pessoas muito compulsivas seriam tratadas com baixação de músicas; pessoas exageradamente compulsivas, com baixação de músicas e filmes. Pra um cara doentio mesmo, tipo Michael Douglas ou Tiger Woods? Droga pesada nele: baixação de músicas, filmes e séries. Se não funcionar é porque o problema deve ser incurável; talvez se trate de um tarado em papel.

Enfim, é muito legal tudo isso. Daí me perguntam: E esse lance de GPS, você também curte? Bem, o GPS é um caso à parte, mas depois eu conto.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Prazer da simplicidade

Qualquer prazer que fruímos sóbrios não é nada mais do que um tipo específico de entorpecimento.

Por exemplo: Não há sensação como a que sentimos quando uma brisa entra pela janela no momento em que degustamos algum bom livro. É um prazer genuíno e intenso: o prazer da simplicidade.

E falando em livros, eu indico (apesar de ainda não ter terminado de ler): John Lennon: A vida, de Philip Norman. Imprescindível... (Vide o post Shennon e Lotton de 30/08/10).